- Depressão no Transtorno do Transtorno Bipolar:
A depressão é um sintoma muito frequente no transtorno bipolar e exige tratamento rápido por conta do risco de suicídio.
Quando pensamos em transtorno bipolar, logo nos vem à mente um paciente com episódios frequentes de mudanças de humor e pensamentos acelerados e megalomaníacos típicos da fase de mania. Entretanto, há uma característica da doença que poucos conhecem e que merece bastante atenção: a depressão.
A grosso modo, ela é bem diferente da depressão unipolar – mais conhecida – porque, neste caso específico, o paciente sofre uma “descompensação” de duas variáveis, indo de um extremo ao outro num curto intervalo de tempo.
Em um momento o indivíduo está eufórico, com bom humor, toma decisões arriscadas, fala sobre diversos assuntos simultaneamente e tem mil projetos, mas depois de duas semanas, por exemplo, ele entra em um estado depressivo, fica irritadiço, evita qualquer convívio social e tem dificuldade para dormir. De maneira geral, bastam sete dias nesse estado para se ter o diagnóstico da depressão, segundo os psiquiatras.
No jargão médico, costuma-se dizer que o indivíduo bipolar é um paciente cíclico e quando uma crise se instala, há alternância de humores, o que não ocorre com a depressão unipolar.
Segundo o dr. José Alberto Del Porto, professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cerca de 35% dos pacientes bipolares levam até dez anos para obter o diagnóstico correto. Muitos acabam passando um longo período apenas com diagnóstico de depressão – isso chega a ocorrer em cerca de 50% dos casos -, o que é preocupante, já que os medicamentos indicados para tratar a depressão bipolar são diferentes.
“É necessário uma boa anamnese, inclusive com a participação dos familiares, porque os pacientes com transtorno bipolar, na maioria das vezes, não citam espontaneamente os episódios de mania ou hipomania [forma menos intensa de mania] que podem se alternar com as crises depressivas. Existem escalas de avaliação, como a Hypomania Symptom Check List, de Jules Angst (validada para uso no Brasil), que podem auxiliar no diagnóstico correto.”
Veja também: Como ajudar quem está passando por uma crise de depressão?
Na verdade, como a hipomania é considerada uma mania mais “leve”, que interfere menos no dia a dia, o paciente pode até achar que está tudo bem, pois se sente eufórico, muito melhor que o habitual. Além disso, é nessa fase que muitos acabam abandonando o tratamento por conta própria, por se julgarem curados. No entanto, o transtorno é crônico e exige tratamento contínuo e preventivo, porque até mesmo o estado de hipomania pode causar prejuízos em várias esferas da vida, por conta do aumento da irritabilidade e da impaciência, por exemplo.
- Depressão de Transtorno Sazonal:
Tratamento diferente
Outro ponto importante diz respeito ao tratamento. Se o paciente bipolar for tratado somente com antidepressivos, pode ser que os episódios de euforia se intensifiquem ainda mais.
Mau humor, desinteresse por atividades até então prazerosas, alteração do sono e uma tristeza que não passa. Esses são alguns dos sintomas de quem sofre com depressão. Mas, quando eles só aparecem em determinadas estações do ano, a nomenclatura é mais específica: depressão sazonal. Em geral, os sinais surgem no fim do outono e progridem com o avançar do inverno. O mesmo pode acontecer entre a primavera e o verão, mas, nesse período, a prevalência do transtorno é menor. A seguir, aprofundaremos o assunto e convidamos você a continuar a leitura.
O que é depressão sazonal?
A depressão sazonal – também chamada de transtorno afetivo sazonal – é um distúrbio emocional relacionado à mudança das estações do ano. Os sintomas costumam aparecer no outono, se agravam durante o inverno e desaparecem com o início da primavera. De forma menos frequente, o transtorno também pode ocorrer no verão.
A depressão sazonal é menos comum nos países de clima tropical, como o Brasil. Nessas regiões, a incidência do transtorno dificilmente passa de 1% da população. A explicação está no fato destas localidades apresentarem maior número de dias ensolarados ao longo do ano. A falta de sol é apontada como uma das causas do distúrbio.
Quais são as causas da depressão sazonal?
As causas da depressão sazonal não são completamente conhecidas. Mas acredita-se que ela está associada a mudanças na produção de duas substâncias no organismo:
Serotonina – é um neurotransmissor responsável pela comunicação entre as células nervosas e que interfere no humor. A redução da exposição à luz do sol influencia os níveis das moléculas responsáveis por controlar a serotonina.
Melatonina – é um hormônio essencial para manter o ciclo normal do sono. A melatonina tem seu pico de produção no período da noite, pois funciona como um aviso ao corpo de que é hora de dormir.
Como no inverno os dias são mais curtos e as noites mais longas, a condição é propícia para o desequilíbrio dessas substâncias e o aparecimento dos sintomas característicos de depressão sazonal.
Quem pode ter depressão sazonal?
Em tese, qualquer pessoa pode desenvolver depressão sazonal, mas a prevalência é maior em determinados grupos:
Pessoas que já possuem algum problema de saúde mental – como bipolaridade, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), além de outros tipos de depressão. No caso da bipolaridade, por exemplo, os episódios de mania podem ser acentuados em determinadas estações do ano. No inverno, as pessoas com o transtorno tendem a ficar ainda mais deprimidas e, no verão, mais agitadas.
Mulheres adultas – as mulheres estão mais suscetíveis à depressão sazonal e os primeiros sintomas costumam surgir na fase adulta.
Pessoas que moram mais ao norte do planeta – elas também têm mais chance de desenvolver a doença, pois os dias de sol são em menor número que no restante do planeta.
Pessoas com histórico familiar do transtorno – outro fator de risco para depressão sazonal é o histórico familiar, ou seja, quando há parentesco com pessoas que também sofrem do distúrbio.
Quais são os sinais e sintomas de depressão sazonal?
Os sinais e sintomas da depressão sazona incluem:
- Alteração de humor;
- Alteração do sono;
- Sentir tristeza por longo período do dia e repetidas vezes na semana;
- Desinteresse por atividades até então prazerosas;
- Alterações no apetite e/ou peso;
- Sensação de cansaço ou agitação;
- Falta de energia;
- Sensação de inutilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Pensamentos ligados à morte;
- Dificuldade em socializar.
Mesmo sendo menos comum que no inverno, o transtorno afetivo sazonal também pode ocorrer no verão e, nesse caso, os sinais e sintomas mais comuns são:
- Alteração do sono (em geral insônia);
- Falta de apetite e, por consequência, perda de peso;
- Agitação;
- Ansiedade;
- Rompantes de violência.
É muito importante salientar que as manifestações citadas só estão relacionadas à depressão quando ocorrem de maneira persistente. Assim, episódios isolados de tristeza, cansaço, ansiedade, ou qualquer outro, não caracterizam o problema. No entanto, apenas um profissional de saúde pode fazer o diagnóstico.
Como é o diagnóstico e o tratamento da depressão sazonal?
Somente o médico é capaz de diagnosticar a depressão sazonal. Na consulta, o profissional conversa com o paciente para obter informações sobre seu histórico de saúde e sintomas, além de pedir exames clínicos e, provavelmente, laboratoriais. O diagnóstico de depressão sazonal ocorre quando a pessoa preenche alguns critérios, tais como:
- Persistência de sintomas característicos da depressão, como alteração de humor, sono, apetite e de comportamento;
- Presença desses sintomas somente em estações específicas (inverno ou verão) por, pelo menos, dois anos consecutivos;
- Episódios são mais frequentes do que em outras épocas do ano durante toda a vida.
A partir do diagnóstico, o tratamento de depressão sazonal será iniciado, podendo envolver as seguintes abordagens:
Psicoterapia – a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um tipo de psicoterapia indicada para a pessoa a aprender a lidar com os sintomas de depressão. Nas sessões, o terapeuta pode ajudar na identificação de gatilhos emocionais e de atividades que possam despertar o ânimo durante o período do transtorno.
Medicamentos antidepressivos – em alguns casos, o uso de medicação é importante para controlar os sintomas. Os antidepressivos que atuam na receptação da serotonina estão entre os mais recomendados, por sua eficiência no controle do humor.
Terapia de luz – essa terapia, aplicada desde a década de 1980, visa compensar a falta de exposição a luz do sol. O paciente fica posicionado em frente a uma caixa de luz brilhante, diariamente, por cerca de 30 a 45 minutos. Vale ressaltar que essa exposição é segura, mas pode ser inviável para quem apresenta problemas oculares.
Vitamina D – a reposição de vitamina D também pode fazer parte do tratamento por sua relação com a atividade da serotonina e deve ser utilizada até que os níveis estejam estabilizados ou por tempo indicado pelo médico.
Existem formas de prevenir a depressão sazonal?
Como os estudos sugerem, o transtorno afetivo sazonal está relacionado a causas biológicas e, portanto, é difícil preveni-lo. Por outro lado, quem já tem o diagnóstico de depressão sazonal pode se antecipar ao aparecimento dos sintomas, a partir das seguintes medidas:
- Buscar apoio psicológico nos meses que antecedem o período do transtorno;
- Praticar atividade física, ao menos três vezes na semana, para atenuar a ansiedade e controlar o humor;
- Iniciar a terapia de luz no começo do outono, antes dos primeiros sinais da depressão;
- Manter uma dieta equilibrada para garantir a energia adequada;
- Conversar com o médico sobre medicamentos de uso contínuo para atenuar os efeitos nos períodos mais críticos.
Além de todos esses cuidados, é importante manter a atenção a qualquer mudança física, psicológica e comportamental e procurar ajuda médica para ter um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
- Depressão Pós Parto:
A depressão pós-parto é uma doença que acomete mulheres após o parto.
Essa condição é definida como uma profunda tristeza que pode trazer consequências tanto para mãe como o bebê, pois há comprometimento do vínculo entre eles, que pode inclusive não ocorrer.
A depressão pós-parto pode passar despercebida ou ser menosprezada, o que é um grande risco.
Alguns sintomas que sugerem um quadro depressivo e devem ser valorizados:
- Falta de interesse por atividades diárias que anteriormente eram prazerosas.
- Perda ou ganho de peso rápido;
- Insônia ou excesso de sono
- Cansaço extremo;
- Ansiedade e excesso de preocupação;
- sentimento de menos valia.
- Sentimento de culpa;
- Tristeza profunda;
- Dificuldade para se concentrar e tomar decisões;
- Vontade de prejudicar ou fazer mal ao bebê ou a si própria
QUANTO TEMPO DURAM OS SINTOMAS?
A duração dos sintomas pode ser variável, podendo iniciar logo após o nascimento até meses depois. Na presença de qualquer sinal ou sintoma, o tratamento adequado deve ser iniciado o quanto antes, sempre com acompanhamento profissional.
O QUE CAUSA DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
A depressão pós-parto pode ter causas relacionadas a fatores físicos, hormonais, emocionais, estilo de vida ou estar ligado transtornos psiquiátricos prévios.
Outras causas são:
- Depressão e ansiedade já diagnosticadas ou subestimadas;
- Falta de apoio da família ou do parceiro;
- Vício em drogas e álcool;
- Isolamento;
- Privação de sono
QUANTO TEMPO DEPOIS DO PARTO PODE APARECER A DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
Os sintomas da depressão pós-parto geralmente aparecem nas 3 primeiras semanas após o parto, mas pode variar muito de mulher para mulher, podendo ocorrer meses após o parto.
COMO AJUDAR ALGUÉM COM DEPRESSÃO PUERPERAL?
NÃO INVALIDAR OU DIMINUIR O SENTIMENTO DA MULHER
Não é a hora de julgar, e sim demonstrar que está tudo bem, que ela tem uma rede de apoio e que o que ela está sentindo importa.
MOSTRAR APOIO DURANTE A GESTAÇÃO E APÓS O PARTO
É um momento muito delicado. A nova mamãe precisa de apoio durante a gestação e após o nascimento do bebê. É importante que ela reconheça sua rede de apoio, tendo a certeza que estarão presentes quando ela precisar.
INDICAR A PROCURA DE UM PROFISSIONAL
Uma forma de ajudar é com a sugestão da ajuda de um profissional, que poderá iniciar o tratamento adequado. Apoiá-la e acompanhá-la a uma consulta demonstra interesse e suporte.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE BABY BLUES E DEPRESSÃO PÓS-PARTO?
Muitos confundem o baby blues com a depressão pós-parto, mas são condições diferentes. Baby blues ocorre logo após o parto e se caracteriza por um estado brando de tristeza, melancolia e alterações de humor. É frequente porém auto limitada, ou seja, dura em torno de 2 semanas com melhora completa dos sintomas sem a necessidade de tratamento.
A depressão pós-parto tem sintomas mais intensos e de longa duração e, na maioria dos casos, necessita de tratamento profissional.
COMO SUPERAR A TRISTEZA PÓS-PARTO?
Superar essa tristeza é essencial para saúde da mãe e para o relacionamento entre ela e o bebê. A seguir conheça alguns fatores que podem ajudar:
- Consulte um profissional;
- Procure apoio familiar ou de algum amigo;
- Se distraia com atividades de lazer;
- Repouse;
- Fortaleça sua autoestima;
- Reconheça as mudanças que ocorreram e tente aceitá-las.
- Depressão Psicótica:
pode desenvolver sintomas próprios de uma psicose.
Essa vertente da depressão é classificada como depressão psicótica e é um dos seus subtipos mais raros.
Aproximadamente, apenas uma a cada quatro pessoas com entrada em um hospital devido a depressão possuem essa condição.
Nesse panorama, a psicose depressiva, outro nome usado para indicar a depressão psicótica, é considerado uma evolução grave da depressão.
A psicose é definida como característica que afeta a mente, fazendo com que haja perda de contato com a realidade.
Dentro da depressão, ela pode ser manifestada de diversas maneiras, como mediante a alucinações de qualquer tipo, desde delírios até dificuldade de conseguir diferenciar o que é real do que não é (como ver ou ouvir coisas que os outros não vêem ou ouvem, por exemplo).
Pelas similaridades com outras doenças, como transtorno esquizofrênico e transtorno bipolar, pode ser confundida com facilidade.
No entanto, é extremamente importante um diagnóstico correto para que seja encontrado um tratamento efetivo.
Depressão psicótica é quando há um quadro de depressão junto com alguma psicose. A psicose é uma condição na qual uma pessoa começa a ver e/ou ouvir coisas que realmente não existem (alucinações) ou a experimentar ideias falsas sobre a realidade (delírios). Também pode haver pensamento desorganizado ou desordenado.
Sendo assim, por se tratar de um subtipo da depressão, o paciente que tenha este diagnóstico deve apresentar sintomas de depressão maior associado a psicose.
De modo mais simplificado, os sintomas da depressão psicótica podem variar de acordo com as características de cada paciente.
Entretanto, em um panorama, os mais comuns são:
- Delírios
- Alucinações
- Comportamento alterado
- Mudança de sentimentos
- Postura infantil
- Personalidade imprevisível
- Sentimento constante de perseguição
- Longo período sem realizar nenhuma atividade por iniciativa própria, como se estivesse em uma espécie de transe.
Além de sintomas de depressão maior que você poderá conferir aqui neste link.
Muitas pessoas não compreendem a diferença entre delírio e alucinação e acabam usando como sinônimos, apesar de não serem.
Quando algum paciente sofre de delírios, o caso mais usual é em relação a criar histórias mirabolantes que em nada condizem com a realidade, mas ele não tem consciência disso.
Já nas alucinações é possível que surja de quaisquer aspectos dos sentidos.
Nessa perspectiva, existem diferentes tipos de alucinação que serão elucidados a seguir.
- Alucinações visuais
Normalmente, nesse estado, a pessoa enxerga algo que não existe. Esse tipo de alucinação pode ser vivenciada em outras situações, não apenas na depressão psicótica. Por exemplo, demência, enxaqueca, esquizofrenia e dependência química.
- Alucinações auditivas
Referente a percepção de sons inexistentes. Nesse caso, não precisa apenas ser vozes com comandos, pode aparecer como forma de assobio ou silvos também.
Se for por meio de vozes, elas podem ser com elogios, palavras críticas ou dizeres neutros.
Outras doenças relacionadas com alucinações auditivas são o transtorno bipolar e a demência.
É possível sim que algumas pessoas aprendam a conviver com as vozes, mas geralmente ocorre com as elogiosas ou neutras, as negativas são casos mais raros.
- Alucinação olfativa
Esse tipo de alucinação envolve cheirar odores desagradáveis que não existem, tais como: vômito, urina, fezes ou fumo.
Esta circunstância é mais conhecido no meio médico como fantosmia e é definida como a percepção de odores sem que haja estímulo, podendo ser uma capacidade muito aguçada (hiperosmia) ou uma sensação distorcida do olfato (parosmia).
Pessoas epilépticas podem desenvolver essa alucinação.
- Alucinação tátil
A pessoa sente que está sendo tocada, mas não está.
É mais associada ao abuso da substância, como a cocaína, anfetaminas e abstinência por uso de álcool.
- Alucinação somática geral
Essa condição é referente a experiência de um sentimento de mutilação direta no corpo.
Todas as percepções causadas pelas alucinações são bem vívidas, as pessoas que sofrem com a depressão psicótica não conseguem se controlar e nem saber o que não é real.
Outras características do transtorno estão relacionadas a dificuldade de concentração para realizar tarefas e, inclusive, entender o que está sendo dito.
Já em relação ao cenário da tristeza, sintoma bem característico de todas as depressões, na psicótica a pessoa pode se tornar um perigo para ela mesma.
Uma vez que acontece o fenômeno conhecido por “clivagem” ou pensamento ou-tudo-ou-nada.
Essa situação é caracterizada pela impossibilidade de pensar nas qualidades positivas e negativas como partes de um todo.
Assim, esse pensamento não permite o ato de “agir normalmente” e a pessoa não consegue o prazer de pensar nem liberdade e autonomia para elaborar novos pensamentos, como se estivesse “presa” dentro da sua mente.
O que é bem diferente da tristeza ocasional que, geralmente, acontece depois de um evento específico, mas é momentânea e logo passa.
O tratamento farmacológico é o mais recomendado para a depressão psicótica.
Nesse sentido, pode ser usado um antidepressivo isoladamente, um antipsicótico isoladamente ou uma combinação entre os dois, uma vez que é preciso conter os maiores e mais problemáticos sintomas dessa condição: delírios, alucinações e melhora do humor.
Os antidepressivos são usados para favorecer a estabilização do humor do paciente e do estado de alegria, felicidade e bem-estar.
Já os antipsicóticos permitem que o cérebro seja capaz de perceber e organizar as informações ao redor da pessoa, como quando está conversando com um grupo de amigos, familiares, assistindo filme ou em atividades sociais comuns do dia-a-dia.
Normalmente, para os casos de depressão psicótica é pedido que os pacientes fiquem em um hospital, para que possa ser observado os avanços e, também, para garantir a máxima segurança da pessoa com o quadro depressivo.
Quando o tratamento é efetivo a recuperação do paciente pode vir, inclusive, em um prazo de poucos meses.
Outro método pode ser usado para tratar a doença. O artigo intitulado de “Terapia cognitivo- comportamental para depressão com sintomas psicóticos: Uma revisão teórica” investigou a terapia cognitivo-comportamental (TCC) no tratamento da depressão com sintomas psicóticos
A TCC é um método que utiliza de abordagens terapêuticas para o tratamento da depressão leve e moderada, quer seja oferecida de forma independente ou em combinação com psicofármacos.
No entanto, para a depressão psicótica, a psicoterapia só será uma alternativa eficaz caso seja acompanhada por um tratamento medicamentoso (antidepressivo e/ou antipsicótico).
A combinação entre a psicoterapia e os medicamentos promovem melhora nos níveis de ansiedade, desesperança e ideação suicida.
Além disso, a frequência e a força dos pensamentos automáticos negativos são diminuídas e isso implica uma consequência positiva no funcionamento biopsicossocial dos pacientes.
Em outras palavras, isso significa que será analisado o conceito mais amplo que atribui causas as doenças utilizando-se de fatores biológicos (genéticos, bioquímicos), fatores psicológicos (estado de humor, de personalidade, de comportamento) e fatores sociais (culturais, familiares, socioeconômicos, médicos).
Nessa perspectiva, o trabalho do terapeuta cognitivo-comportamental, independente do quadro clínico que tenha assumido, requer a construção de uma conceituação cognitiva
Ou seja, conforme apareçam novos dados clínicos importantes, a conceituação cognitiva será modificada e atualizada para melhorar a eficácia do tratamento, pois essa técnica assume que os problemas atuais e os fatores estressores precipitantes contribuem para o agravamento de condições psicológicas ou que tem capacidade de interferir na habilidade de resolvê-la.
É por esse motivo que as prioridades no tratamento de pacientes com depressão psicótica são: ideação e conduta suicida, sintomas do espectro da depressão e sintomas psicóticos (delírios e alucinações).
Psicoeducação
Essa técnica quando relacionada ao depressivo com sintomas psicóticos está relacionada a um modelo de tratamento que auxilia o paciente a conhecer e entender sobre a sua doença.
O terapeuta, na psicoeducação, precisa estar presente durante todo o processo para poder explicar o modelo do qual paciente está sendo submetido e, também, para esclarecimentos de como os pensamentos produzem sentimentos, além das reações físicas e comportamentais.
Essa intervenção ajuda muito o paciente, pois se os sintomas aparecerem na terapia, o paciente saberá que reações esperar.
Agenda e prescrição de eventos prazerosos
De modo geral, essa técnica possibilita uma ativação comportamental.
Dessa forma, o tratamento objetiva restaurar a taxa de respostas contingentes ao estado positivo a um nível adequado.
Em outras palavras, o Agendamento de Eventos Prazerosos busca melhorar a frequência, a qualidade e a quantidade das interações sociais do indivíduo com depressão psicótica.
Isso é feito por meio de treinamento de habilidades sociais e o uso da agenda diária com propostas de atividades prazerosas.
Para o terapeuta construir essa agenda de eventos prazerosos, ele pode usar de inventários prontos ou pode questionar diretamente o paciente sobre os eventos que ele julga que lhe davam prazer antes da depressão.
É nessa hora que uma boa relação entre profissional e paciente é essencial, pois o doente precisa ter coragem e confiança no terapeuta para conseguir contar a verdade para ele.
Uma vez descoberto esses “estímulos positivos” para a agenda, o terapeuta irá trabalhar com o intuito de auxiliar o paciente a elaborar um registro diário sobre as atividades que gostava e fazia ou que não gostava.
Esse reconhecimento é muito importante, pois depois que essas atividades são reconhecidas e determinadas como prazerosas pelas pessoas com depressão psicótica, geralmente, o humor delas muda, assim como a disposição e o sentimento de “vitória”. O paciente depressivo, normalmente, apresenta crenças de que não será capaz de terminar tarefa alguma
Registro de pensamentos disfuncionais
A técnica do registro de pensamentos disfuncionais consiste em treinar o paciente depressivo a anotar sobre todos os pensamentos disfuncionais.
Com isso é possível identificar os pensamentos automáticos e crenças disfuncionais dos pacientes, logo auxilia com sintomas psicóticos e depressivos de cada paciente.
Normalização
Esse método é usado para entender o que forma e mantém os sintomas psicóticos.
Sendo assim, a normalização faz uma associação entre o conteúdo delirante ou alucinatório e a história de vida do paciente, para assim compreender a vulnerabilidade do paciente e, consequentemente, poder ajudá-lo a promover mudanças ou desenvolver um processo de adaptação.
Enfrentamento
Esse procedimento baseia-se na premissa de que as alucinações e delírios ocorrem em um contexto social e subjetivo, e que esses sintomas assumem significado caso sejam acompanhados por uma reação emocional.
Nesse panorama, muitos pacientes com depressão psicótica estão inseridos em uma situação de estresse constante e não conseguem mobilizar esforços saudáveis para lidar com as emoções geradas nesses momentos, uma vez que não tem controle nem da própria realidade ao redor deles.
Sendo assim, a estratégia de enfrentamento oferece uma possibilidade de mudança para diminuir a sobrecarga.
Módulos
Esse método possibilita a reestruturação das crenças disfuncionais, relacionadas aos sintomas psicóticos.
Assim, é preciso incentivar o paciente a construir novas crenças mais funcionais para poder ativá-las futuramente, e logo ser capaz de se enxergar como um indivíduo com qualidades e possa se perceber de uma forma diferente.
Para que isso aconteça, é preciso cinco passos com atividades pré-estabelecidas antes:
- Estabelecimento da aliança terapêutica e avaliação
- Estratégias comportamentais com o objetivo de manejar sintomas, reações emocionais e atitudes impulsivas
- Discutir sobre os próprios sintomas com o paciente
- Manejo das alucinações
- Avaliar quais são as pressuposições disfuncionais a respeito de si próprio e dos outros
Conclusão
Portanto, fica claro que alguns pacientes diagnosticados com depressão psicótica podem ter uma maior dificuldade para lidar com os problemas e podem, inclusive, ser incapazes de cuidarem de si mesmos.
Caso essa doença não seja devidamente tratada, a pessoa com quadro depressivo psicótico pode machucar a si mesma ou outras pessoas.
Por mais que perder o contato com a realidade seja uma situação muito difícil, o apoio da família e dos amigos é essencial para o processo de recuperação.
A depressão psicótica é um transtorno que tem tratamento e, se ele for seguido estritamente segundo a recomendação médica, com o auxílio do medicamento certo e da psicoterapia, há esperança para ter qualidade de vida novamente.
- Depressão Maior(Clássica):
Caracterizam-se por tristeza suficientemente grave ou persistente para interferir no funcionamento e, muitas vezes, para diminuir o interesse ou o prazer nas atividades. A causa exata é desconhecida, mas provavelmente envolve hereditariedade, alterações nos níveis de neurotransmissores, alteração da função neuroendócrina e fatores psicossociais. O diagnóstico baseia-se na história. O tratamento geralmente consiste em medicamentos, psicoterapia ou ambos e, algumas vezes, eletroconvulsoterapia ou estimulação magnética transcraniana rápida (EMTr).
(Ver também Visão geral dos transtornos do humor.)
O termo depressão é utilizado com frequência para se referir a qualquer um dos vários transtornos depressivos. Alguns estão classificados no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5) por sintomas específicos:
- Transtorno depressivo maior (muitas vezes chamado depressão maior)
- Transtorno depressivo persistente (distimia)
- Outro transtorno depressivo específico ou inespecífico
Outros são classificados pela etiologia:
- Transtorno disfórico pré-menstrual
- Transtorno depressivo decorrente de outra condição médica
- Transtorno depressivo induzido por substância/medicação
Os transtornos depressivos ocorrem em qualquer idade, mas normalmente se desenvolvem em meados da adolescência, terceira ou quarta década de vida (ver também Transtornos depressivos em crianças e adolescentes). Em contextos de atenção primária, até 30% dos pacientes relatam sintomas depressivos, porém < 10% têm depressão maior.
Desmoralização e desolamento
O termo depressão é usado muitas vezes para descrever o humor para baixo ou desencorajado que resulta de desapontamentos (p. ex., calamidade financeira, desastre natural, doença grave) ou perdas (p. ex., morte de uma pessoa querida). Entretanto, termos melhores para esse tipo de humor são desmoralização e desolamento.
Os sentimentos negativos de desmoralização e tristeza, contrariamente aos da depressão, fazem o seguinte:
- Ocorrem em ondas que tendem a estar vinculadas a pensamentos ou lembranças do evento deflagrador
- Desaparecem quando as circunstâncias ou os eventos melhoram
- Podem ser intercalados por períodos de emoção e humor positivos
- Não são acompanhados de sentimentos generalizados de inutilidade e autodepreciação
O humor para baixo geralmente dura dias, ao contrário de semanas ou meses; pensamentos de suicídio e perda funcional prolongada são muito menos prováveis.
Mas eventos e estressores que causam desmoralização e pesar também podem precipitar um episódio depressivo maior, particularmente em pessoas vulneráveis (p. ex., aqueles com história passada ou história familiar de depressão maior). Em um número pequeno, mas substancial de pacientes, o luto pode se tornar persistente e incapacitante. Esse transtorno chama-se transtorno por luto prolongado e pode exigir tratamento especificamente direcionado.
Etiologia dos transtornos depressivos
A causa exata dos transtornos depressivos é desconhecida, mas fatores genéticos e ambientais contribuem.
A hereditariedade explica cerca de metade da etiologia (menos na depressão de início tardio). Dessa forma, a depressão é mais comum entre parentes de 1º grau de pacientes deprimidos, e a concordância entre gêmeos idênticos é alta. Além disso, os fatores genéticos provavelmente influenciam o desenvolvimento de respostas depressivas a eventos adversos.
Outras teorias se concentram nas alterações dos níveis dos neurotransmissores, como desregulação dos neurotransmissores colinérgicos, catecolaminérgicos (noradrenérgicos e dopaminérgicos) glutamatérgicos e serotoninérgicos (5-hidroxitriptamina). A desregulação neuroendócrina pode ser um fator, com ênfase particular em 3 eixos: hipotálamo-hipófise-suprarrenal, hipotálamo-hipófise-tireoide e hipotálamo-hipófise-hormônio do crescimento.
Fatores psicossociais também parecem estar envolvidos. Estressores vitais importantes, em especial separações e perdas, comumente precedem episódios de depressão maior; entretanto, tais eventos não causam, geralmente, depressão grave e duradoura, exceto em pessoas predispostas a um transtorno do humor.
Pessoas que tiveram um episódio de depressão maior têm risco maior de episódios subsequentes. Pessoas que são menos resilientes e/ou que têm tendências ansiosas podem ter mais chance de desenvolver transtorno depressivo. Muitas vezes, tais pessoas não desenvolveram as habilidades sociais para se ajustar às pressões da vida. A presença de outros transtornos mentais aumenta os riscos de transtorno depressivo maior.
As mulheres têm risco maior, mas nenhuma teoria explica o motivo. Possíveis fatores incluem:
- Maior exposição ou resposta aumentada a estresses cotidianos
- Níveis mais elevados de monoamino-oxidase (a enzima que degrada neurotransmissores considerados importantes para o humor)
- Taxas mais altas de disfunção tireoidiana
- Alterações endócrinas que ocorrem com a menstruação e na menopausa
Na depressão de início peri-parto, os sintomas se desenvolvem durante a gestação ou em 4 semanas após o parto (depressão pós parto); alterações endócrinas foram implicadas, mas a causa específica é desconhecida.
Nos transtornos afetivos sazonais, os sintomas se desenvolvem em um padrão sazonal, normalmente durante outono ou inverno; o transtorno tende a ocorrer em climas com invernos longos ou intensos.
Sintomas ou transtornos depressivos podem acompanhar vários distúrbios físicos, incluindo doenças da tireoide, doenças da glândula adrenal, tumores cerebrais benignos e malignos, acidente vascular encefálico, aids, doença de Parkinson e esclerose múltipla (ver tabela Algumas causas dos sintomas de depressão e mania).
Certos fármacos, como corticoides, alguns betabloqueadores, interferona e reserpina, também podem resultar em transtornos depressivos. O abuso de algumas drogas recreativas (p. ex., álcool, anfetaminas) pode levar a ou acompanhar a depressão. Efeitos tóxicos ou abstinência de drogas podem causar sintomas depressivos transitórios.