Transtorno Depressivo Maior, fique por dentro desse transtorno frequente

O Transtorno Depressivo Maior (TDM), conhecido também como depressão unipolar, é um dos transtornos mentais mais comuns. Ele prevalece ao longo da vida em cerca de 16% da população geral.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que cerca de 151 milhões de pessoas sofrem de Transtorno Depressivo Maior no mundo. Esse número evidencia que a prevalência do TDM foi maior do que os transtornos referentes ao álcool.

Por isso, é importante conhecer bem este transtorno, tendo em vista a alta incidência de casos. 

O que é o Transtorno Depressivo Maior?

O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado por sintomas que variam de acordo com cada caso, mas envolvem a sensação de vazio, falta de interesse pelas pessoas e atividades, tristeza intensa sem motivo aparente e insônia.

Normalmente, esses sintomas perduram por cerca de duas semanas seguidas, o que inviabiliza o sujeito para fazer quaisquer tipos de atividades, por mais simples que sejam. Além de serem intensos, os sintomas também são crônicos, o que alimenta uma resistência ao tratamento, por parte dos pacientes.

A tristeza profunda que o paralisa, às vezes para levantar da cama, também poderá impactar na energia do sujeito para participar ativamente do seu tratamento. Por isso, é importante saber fazer o diagnóstico e o tratamento correto.

Como realizar o diagnóstico do Transtorno Depressivo Maior?

O diagnóstico é realizado com base em uma série de ferramentas disponíveis pelos profissionais da saúde envolvidos no quadro. Ele é construído em conjunto com o paciente, baseado em conteúdos ditos, observados e compartilhados de alguma forma.

É importante frisar que o diagnóstico não tem o intuito de objetificar o sujeito, muito menos servir como apoio para que o paciente “grude” nele e passe a usá-lo como justificativa para suas ações. O diagnóstico é realizado para orientar a equipe de saúde acerca das melhores alternativas de tratamento.

Ao longo das sessões de psicoterapia e/ou consultas com psiquiatra, busca-se compartilhar alguns eventos passados que tenham potencial estressor em longos períodos e de forma intensa. Além disso, investiga-se a relação do paciente com as drogas, uso de medicamentos e o máximo de detalhes possíveis para assegurar o diagnóstico correto.

Outro ponto importante na hora do diagnóstico, é lembrar que a genética também pode influenciar. 

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) ainda enfatiza que o episódio depressivo ocorrido em pacientes com Transtorno Depressivo Maior pode ser classificado em leve, moderado e grave.

Quais são os sintomas do Transtorno Depressivo Maior?

É preciso ter uma escuta e visão bem ativas. Os sintomas mais evidentes conseguem ser percebidos pela observação da fisionomia e linguagem corporal dos pacientes. Algumas características comuns são:

  • Demonstrar infelicidade;
  • Olhos normalmente cheios de água;
  • Testa franzida;
  • Cantos da boca direcionados para baixo;
  • Expressão facial indiferente;
  • Postura retraída;
  • Poucos movimentos corporais e, quando tem algum, costuma ser realizado de forma lenta.

Existem casos mais extremos, em que pacientes relatam não sentir as emoções habituais, imergindo em um mundo sem cor e sem vida, sem mais lágrimas para derramar.

Ademais, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais — 5ª edição (DSM-V) elucida que o Transtorno Depressivo maior pode ser diagnosticado quando o paciente apresentar 5 ou mais das ações abaixo, todos os dias, durante pelo menos 2 semanas:

  • Humor deprimido em grande parte do dia (na maior parte do dia, o sujeito fica com forte sensação de tristeza sem um motivo aparente, falta de esperança sobre seus objetivos, dificuldade para iniciar um projeto no presente ou elaborar algum para o futuro, sensação de vazio, ainda que não consiga explicar exatamente o que; apropriar-se da tristeza de alguma pessoa ao redor e irritabilidade);
  • Diminuição drástica de interesse ou prazer em quaisquer tipos de atividades;
  • Ganho ou perda de peso ponderal bem significativo, girando em torno de 5 quilos (seja aumento ou perda);
  • Insônia (dificuldade para dormir) ou hipersonia (dificuldade para se manter acordado, devido a um sono descomunal);
  • Alteração na capacidade motora, podendo causar agitação ou atraso psicomotor;
  • Esgotamento de energia, ou seja, fadiga extrema;
  • Sentimento de não ser útil para ninguém, fomentando uma culpa excessiva e/ou inapropriada;
  • Dificuldade de concentração e tomada de decisão;
  • Pensamentos constantes de suicídio e morte.

A culpa vinculada ao episódio depressivo também existe em grande parte dos casos, em que os pacientes elaboram avaliações negativas sobre si mesmos, impactando a construção de valor pessoal. Nesses casos, o sujeito demonstra preocupação fixada em momentos de fraqueza ou fracassos ocorridos no passado próximo ou distante.

Além disso, é comum a interpretação distorcida de eventos, com tendência a exagerar na autorresponsabilidade diante adversidades, podendo atingir proporções delirantes. Outro ponto presente é a auto recriminação por estar lidando com a depressão, nutrindo um pensamento de que a fraqueza está atrelada ao transtorno.

Isso impacta também na autonomia diante as decisões. Muitos sujeitos passam a ter dificuldade para se concentrar, pensar com clareza e tomar decisões, por se distraírem com facilidade e até mesmo ter impactos negativos relacionados à memória.

O paciente pode apresentar também alguns sintomas psicóticos, como delírios e/ou alucinações. Esses sintomas podem ser classificados como congruentes, no que diz respeito a delírios de culpa, hipocondria, alucinações depreciativas, sensação de ruína) ou incongruentes com o humor — é o caso dos delírios persecutórios e alucinações envolvendo laços afetivos, por exemplo.

Quais são os fatores de risco e prognóstico?

É complicado categorizar os fatores de risco do Transtorno Depressivo Maior, uma vez que irá variar de pessoa para pessoa. De forma geral, os fatores de risco de qualquer doença são elucidados por situações e/ou condições que possam potencializar a chance do desenvolvimento daquele transtorno. Esses fatores podem ser de ordem genética, comportamental ou ambiental.

Um estudo realizado pela Universidade de Oxford constatou que cerca de um terço dos sujeitos com depressão maior apresentaram um ou mais episódios depressivos nos 12 meses anteriores. Esse é um fator de risco palpável de observação, seja pela equipe de apoio do sujeito ou pela equipe profissional envolvida.

Já as doenças crônicas, por exemplo, estão entre os principais fatores de risco para a depressão. A baixa imunidade, combinada com administração de vários medicamentos, mudanças de hábitos e restrições alimentares podem impactar significativamente a maneira como o sujeito encara a vida e lida com a ansiedade.


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