Clínica da Impulsividade! Compras excessivas!


“[…]Aqueles que lutam contra a impulsividade não conseguem simplesmente parar – o comportamento se torna enraizado e foge ao controle. A maior parte desses comportamentos tem sido reconhecida e documentada há séculos. embora só tenham chamado a atenção de especialistas pelo mundo recentemente. Mesmo ignoradas por planos de saúde, pesquisas estimam que entre 10 e 15% da população tenha tido um ou mais problemas derivados da impulsividade. Essas condições ocorrem em homens e mulheres de todas as classes socioeconômicas e em todas as culturas.


Compras compulsivas


O transtorno das compras compulsivas (CC), ou oniomania, foi descrito pela primeira vez no início do século XX. O primeiro a descrever a síndrome com predominância do gênero feminino foi o psiquiatra Kraepelin, que a denominou como oniomania ou “impulso patológico” Bleuler reforçou o caráter impulsivo da oniomania comparando-a às insanidades do impulso, como a piromania e a cleptomania.
Segundo Bleuler (1924), “o elemento particular (na oniomania) é a impulsividade; eles não podem evitá-la, o que algumas vezes se expressa inclusive no fato de que, a despeito de ter uma boa formação acadêmica, os pacientes são absolutamente incapazes de pensar diferentemente e de conceberem as consequências sem sentido de seu ato e as possibilidades de não realizá-lo. Não chegam nem a sentir o impulso, mas agem de acordo a sua natureza, como a lagarta que devora a folha.
No final dos anos 1980, a CC voltou a ser estudada, por pesquisadores na Alemanha, Brasil, França, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos.

Critérios diagnósticos e avaliação

A CC ainda é classificada na categoria residual dos transtornos do impulso sem outra especificação. Porém, discussões sobre a adequada classificação para os transtornos marcados pela perda de controle, como é o caso da CC,
ainda é um desafio. Se levarmos em conta a perda de controle do comporta- mento ou sua característica aditiva, devemos classificar a CC junto ao jogo patológico nos transtornos relacionados a substância e adicção.
A CC tem como característica a cronicidade e a repetitividade do comportamento de comprar, o que gera consequências danosas ao indíviduo.

Os critérios diagnósticos operacionais para a CC foram propostos por McElroy e enfatizam a incapacidade de resistir ao impulso de comprar:

Preocupação, impulsos ou comportamento mal adaptativos envolvendo compras, como indicado por, ao menos, um dos seguintes critérios:
preocupação frequente com compras ou impulso de comprar irresistível, intrusivo, ou sem sentido;
comprar mais do que pode, comprar itens desnecessários, ou por mais tempo que o pretendido. A preocupação com compras, os impulsos ou o ato de comprar causam sofrimento marcante, consomem tempo significativo e interferem no funcio-
namento social e ocupacional, ou resultam em problemas financeiros.
• A compra compulsiva não ocorre exclusivamente durante episódios de
hipomania ou mania.
Esses critérios são mais utilizados, porém ainda há necessidade de estudos que confirmem sua validade e confiabilidade, o que contribui para que a CC permaneça relegado a uma categoria diagnóstica residual.
Para diferenciar uma compra normal de uma compulsiva, não podemos nos basear na quantia de dinheiro gasto ou na renda, mas sim na extensão da
preocupação, no grau de angústia sofrida pela pessoa e nas consequências adversas e negativas. Para auxiliar na avaliação existem alguns instrumentos que contribuem para a investigação e o diagnóstico da CC, ou mesmo para auxiliar na identificação da gravidade do comportamento.

Critérios e Psicopatologia

  1. Antecipação: o comprador compulsivo tem pensamentos, anseios ou preocupações com a aquisição de um determinado objeto ou com a necessida- de de se realizar uma compra em si.
  2. Preparação: para ir às compras, ou seja, pesquisar o objeto desejado, definir a roupa que irá vestir, a tomada de decisão de quando ir, escolher o local e como será feito o pagamento (cartão de crédito, cheque, dinheiro).
  3. A compra é consumada: muitas vezes, depois que tudo passou a sensação de decepção consigo mesmo e de sentimentos negativos como culpa e
    arrependimento são percebidos pelos compradores compulsivos.
    É muito comum que os compradores compulsivos concretizem os episódios compulsivos sozinhos e podem ocorrer de maneira constante ou em forma de “acessos’~ Nem sempre compram para si mesmo, podem comprar “presentes” para seu parceiro(a), filho(s), familiares e/ou amigos. Normalmente, quando compram para si mesmos, os compradores compulsivos têm a tendência de esconder o objeto em armários, gavetas, bolsas e futuramente podem vir a usa ou não o que comprou, mas isso não é uma regra. As pessoas têm seus locais preferidos de compras, lojas físicas e/ou virtuais, e o mesmo acontece com os compradores compulsivos, por isso é importante identificá-los, pois são os locais de risco.
    A aquisição de objetos é uma forma de recompensa ou de neutralização de sentimentos negativos vividos pelo comprador compulsivo, o que contribui para o desenvolvimento de apego emocional e segurança mesmo que momentâneos. Os principais objetos preferidos dos compradores compulsivos são: vestuário, sapatos, joias, maquiagem, CD e objetos tecnológicos. Os principais argumentos para a aquisição de determinado objeto são: porque são atraentes, porque estavam em oferta, porque de alguma forma compõem a identidade pessoal e social ou porque têm um significado emocional.
  4. A compra: momento em que os compradores compulsivos relatam a experiência emocional do ato de comprar, a fissura e o êxtase.

TRATAMENTO


Nos últimos anos, o tratamento da CC vem ganhando espaço entre os artigos publicados, avançando de relatos de caso a estudos um pouco mais es- truturados. Mesmo assim, ainda são escassos os estudos controlados que avaliam a eficácia e a efetividade do tratamento.

A base do tratamento segue um tratamento combinado medicamentoso com médicos capacitados e terapia Cognitiva Comportamental, segundo Dr. Breno

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