Os transtornos pré-menstruais (TPM) representam um conjunto de manifestações tipicamente somáticas e psicológicas que ocorrem durante todo o período das duas semanas antecedentes à menstruação, ou em parte dele, e se resolvem logo depois dela.1 Estima-se que 75 a 80% das mulheres tenham sintomas pré-menstruais leves, e até um quarto, de moderados a graves. Além disso, 3 a 5% desenvolvem transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), um transtorno do humor conexo ao ciclo menstrual.1,2
O TDPM representa a forma mais grave de TPM dentro de um espectro de gravidade. As oscilações de humor e os sintomas ansiosos, cognitivos e somáticos afetam negativamente o funcionamento psicossocial e a qualidade de vida de mulheres em idade reprodutiva.3 O risco de comorbidades psiquiátricas (por exemplo, depressão, transtorno bipolar [TB] e transtornos de ansiedade) e de comportamento suicida está significativamente elevado na vigência de TDPM.4,5
Sintomas problemáticos pré-menstruais são conhecidos há décadas, mas só recentemente associações médicas têm buscado sistematicamente desenvolver critérios consensuais para esse fenômeno. Em 2011, a International Society for Premenstrual Disorders (ISPMD) propôs o conceito de TPM e sua categorização, inclusive abrangendo o TDPM.1,6 Em 2013, a American Psychiatry Association (APA) incluiu oficialmente o TDPM entre os transtornos depressivos, retirando-o do apêndice do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — quarta edição (DSM-IV) de diagnósticos para estudos adicionais.7
Por sua expressão psicopatológica e por seu impacto funcional, o TDPM tem sido objeto de interesse psiquiátrico. Além disso, o seu reconhecimento como entidade clínica torna importante a difusão de informações atualizadas para a prática clínica em psiquiatria.
Quer conhecer os principais sintomas da “super TPM” e as opções de tratamento mais indicadas? Então, continue acompanhando este artigo!
Sintomas do transtorno disfórico pré-menstrual
O transtorno disfórico pré-menstrual é caracterizado por sintomas que aparecem entre 2 a 10 dias antes da menstruação e começam a desaparecer poucos dias após o início do fluxo menstrual.
Esse distúrbio geralmente é diagnosticado quando esse quadro se repete por, pelo menos, dois ciclos menstruais consecutivos, traz prejuízos à vida profissional, familiar ou amorosa da mulher.
Os principais sintomas do TDPM são:
- irritabilidade;
- humor deprimido;
- ansiedade;
- pensamentos autodepreciativos;
- instabilidade emocional;
- dificuldade de concentração;
- falta de interesse em atividades habituais;
- fadiga, apetite descontrolado;
- problemas para dormir;
- dor de cabeça e inchaço no corpo.
Opções de tratamento do transtorno disfórico pré-menstrual
Por ser um tipo de depressão cíclica que se manifesta ao longo do ciclo menstrual, a mulher afetada pelo TDPM precisa de um tratamento específico, baseado principalmente no controle dos sintomas.
Por meio de um exame clínico minucioso, uma equipe médica multidisciplinar é capaz de realizar o diagnóstico e estabelecer uma estratégia de tratamento adequada às necessidades de cada paciente, que pode incluir a prescrição de medicamentos e a indicação de psicoterapias e outras práticas complementares.
Medicamento
Os antidepressivos, em especial os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), são os medicamentos mais usados no alívio dos sintomas em casos graves de TDPM. A prescrição desse tipo de remédio deve ser feita por um médico especializado com base nos sintomas apresentados e no grau do distúrbio.
O uso de contraceptivos orais é outro método comum no tratamento desse distúrbio, pois visa a supressão da ovulação para controlar as oscilações hormonais e os sintomas físicos mais intensos.
Psicoterapia
Nos quadros leves e moderados de TDPM, a psicoterapia pode ser suficiente para controlar os sintomas do distúrbio e melhorar a qualidade de vida do paciente por meio de técnicas e práticas psicológicas.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens que mais têm mostrado resultados positivos tanto como tratamento de primeira linha quanto de forma auxiliar ao tratamento medicamentoso.
Alimentação e exercícios físicos
Um tratamento complementar que auxilia na promoção da saúde mental da mulher é a mudança de hábitos alimentares e o combate ao sedentarismo. A manutenção de uma dieta saudável e equilibrada, com redução de gorduras saturadas, açúcar, sal e cafeína, ajuda a fortalecer o sistema imunológico e a diminuir os sintomas.
A ingestão de água e alimentos ricos em triptofano, como peixes, ovos, cereais, castanhas, leguminosas e derivados do leite, atua no equilíbrio da quantidade de serotonina no corpo e, consequentemente, aumenta o bem-estar.
A prática regular de exercícios físicos também é uma aliada no tratamento do TDPM, pois ajuda a diminuir a ansiedade, a aliviar o estresse, a liberar endorfina — neurotransmissor ligado à sensação de prazer e felicidade — e a melhorar a autoestima.